“Mas isso, desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado." (Jonas 4:1)
A história de Jonas é um vivo retrato, que consegue mostrar com muita clareza, o quanto o homem pode ser contraditório nas suas ações. Como em um momento, pode estar convicto de seus ideais, e logo em seguida agir de modo totalmente diferente do proposto anteriormente. No capítulo dois do livro de Jonas encontramos este profeta no ventre de um peixe, prestes a morrer, gritando para viver. Quem conhece a historia deste profeta sabe, que por desobedecer a Deus, acabou no ventre de um grande peixe. Tudo começou quando Deus determinou que Jonas fosse a Nínive, pregar aos ninivitas, acerca do grande juízo que viria àquela nação, caso não se arrependessem de seus pecados. Assim, Deus disse a Jonas: “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim” (Jonas 2.2). No entanto, como Jonas não gostava dos ninivitas, preferiu desobedecer a Deus, a ir simplesmente cumprir sua missão. Um pouco mais à frente, Jonas explica que a princípio não foi, porque sabia que Deus na sua misericórdia, caso aquela gente se arrependesse, voltaria atrás e perdoaria a nação, e era justamente o que Jonas não queria. Com esta atitude, Jonas demonstra que seu coração não era totalmente do Senhor, pois um homem cujo coração está inteiramente no Senhor, jamais poderia ter tal comportamento. Contudo, para infelicidade de Jonas, ao pegar um navio que ia na direção contrária da vontade de Deus, veio uma grande tempestade sobre o mar, e o final da história os senhores conhecem. Jonas foi parar no ventre de um peixe.
O interessante desta história, é que quando Jonas estava no ventre do peixe ele fez a seguinte oração: “Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz. Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e as correntes das águas me cercaram; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim. E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; como tornarei a olhar para o teu santo templo? As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça. Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos. Mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida. Quando dentro de mim desfalecia a minha alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo. Os que se apegam aos vãos ídolos afastam de si a misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz de ação de graças; o que votei pagarei”. (Jonas 2. 2-9).
Diante daquela oração, falou o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na terra. Agora, disposto a cumprir sua missão, foi aos ninivitas, entregar a mensagem de Deus. O curioso, é que de forma extraordinária, toda a nação ouviu a mensagem de Jonas. Do palácio real, até as classes mais pobres, todos se arrependeram de seus pecados. Até os animais tiveram que jejuar, buscando a misericórdia de Deus. Assim, cento e vinte mil vidas foram poupadas da destruição, por causa da pregação de um único homem. Todavia, ao invés de Jonas se alegrar com o êxito de sua pregação, surpreendentemente reage de uma forma totalmente egoísta. O texto diz assim: “Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver”. É justamente aqui, que encontramos a grande contradição de Jonas. Quando estava no limiar da morte, pediu para viver, quando estava totalmente vivo e em segurança, pediu para morrer, esquecendo inclusive o seu voto feito ao Senhor Deus.
Com esta história caros leitores, aprendemos que muitas pessoas, a semelhança de Jonas, em certos momentos da vida, em nome do egoísmo, conseguem transformar vitórias em derrotas, demonstrando assim, que nossa religiosidade, está muito distante do verdadeiro propósito divino. De nada adianta, dizermos que somos cristãos, se nossas atitudes demonstram que o amor, o arrependimento e o perdão são valores que ainda não aprendemos a conjugar. Ainda bem, que Deus, não é como o homem. Em Deus, haverá sempre misericórdia, no homem, nem sempre.
Deus nos ajude.
Pr. Isaac Vicente Ribeiro