Pr. Isaac Vicente Ribeiro
“Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?” Mateus 18.21.
Um dos maiores desafios do homem, em todos os tempos, foi e continua sendo a capacidade de desenvolver um bom relacionamento com o seu próximo. No entanto, devemos ter consciência, que para nos relacionarmos bem, uns com outros, precisamos de nos revestir do mais nobre de todos os sentimentos, “amor”. Quando o verdadeiro amor de Deus está presente em nossas vidas, as coisas tornam-se mais fáceis de serem realizadas.
O relacionamento humano surge, quando dois indivíduos se encontram. Talvez, a mais antiga das artes seja a do relacionamento humano, pois a Bíblia Sagrada nos ensina que quando Deus Criou Eva, para ser companheira de Adão, teve início o convívio diuturno entre o homem e a mulher e em conseqüência disto, o amor, a solicitude, a dependência, o carinho, a compreensão, assim como, o engodo, a ira, o ódio, o egoísmo e etc. Com o passar do tempo esta arte foi se aprimorando, pois o homem verificou que havia necessidade de estruturá-la e dar-lhe normas. Muitas mudanças se fizeram necessárias, com a decorrência do crescimento vertiginoso das atividades humanas que nos obrigam cada dia mais nos relacionarmos com nossos semelhantes. Por esta razão, o adestramento na arte dos relacionamentos, tornou-se matéria primordial.
A grande verdade, é que por possuirmos uma natureza finita, imperfeita, e extremamente voltada para o pecado, não poucas vezes estamos falhando com nosso próximo, e abrindo feridas emocionais, difíceis de serem saradas. No trabalho, no seio da família, no relacionamento conjugal, mesmo na relação pai e filho, na escola e até mesmo no ambiente da Igreja, muitas pessoas acabam tendo problemas de relacionamentos, justamente por não desenvolverem a capacidade de perdoar as ofensas.
Certo dia, Jesus estava ensinando acerca do perdão, e Pedro, um dos seus mais importantes apóstolos questionou Jesus fazendo a pergunta que destacamos acima, acerca de quantas vezes deveríamos perdoar nosso irmão. Havia uma lei moral, muito em voga na época que se devia perdoar até sete vezes. Diante daquela pergunta, Jesus responde da seguinte maneira: “Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete”. Ao responder desta maneira, Jesus estava dizendo que o perdão é ilimitado, que não existe limites para o perdão. Querendo fixar melhor seu ensinamento, Jesus conta a parábola do credor incompassivo, que dizia acerca de um Rei que chamou um dos seus servos para o ajuste de contas visto que, o mesmo estava lhe devendo 10 mil talentos. Um talento correspondia a seis mil denários, que era a moeda da época. (Um denário correspondia a um dia de um trabalhador comum). Para que tenhamos uma dimensão melhor do tamanho daquela dívida, é só multiplicarmos 10 mil talentos, por 6 mil denários que é igual a 60 milhões de denários. Em outras palavras, a dívida era muito alta e na eminência de ver sua mulher e filhos vendidos para que fosse paga a dívida, ele prostou-se aos pés do seu Senhor e Disse: “Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida”.
Ao ser perdoado, Aquele servo, saiu da presença do seu Senhor muito feliz e totalmente aliviado. Entretanto, aquele servo, possuía um conservo que lhe devia apenas 100 denários e ao encontrá-lo veja o que fez: “Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida”. Logo em seguida, a notícia do acontecido, chegou aos ouvidos do Rei que imediatamente mandou chamá-lo e disse: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Ao concluir, aquela parábola, Jesus vez a seguinte advertência: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas”.( Mt. 18.23-35).
Caro leitor, esta parábola, mostra-nos as duas faces do perdão. O divino e o humano. Nós devíamos uma dívida impagável ao nosso Deus, e prontamente Ele nos perdoou e quantas vezes temos uma enorme dificuldade de perdoar ofensas tão pequenas que nossos irmãos nos devem. Portanto, espero que esta reflexão leve a você, a liberar o perdão, a quem lhe tem ofendido, e desta forma, estarás praticando o mais importante dos mandamentos. O mandamento do amor.
Deus vos abençoe.