Jacó disse a seu pai: "Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz como o senhor me disse. Agora, assente-se e coma do que cacei para que me aben¬çoe". Gn. 27.19
Estamos diante de um quadro, que mostra claramente a real situação de um homem, que no afã de querer se abençoado por Deus, lança mão do engano, da mentira, na tentativa de ser abençoado no lugar de seu irmão. Ajudado por sua mãe Rebeca, Jacó engana seu Pai Isaque, que já era velho e já não enxergava mais. Sabedores que Isaque havia determinado a Esaú, seu filho primogênito, que fosse ao campo, matasse uma caça e a preparasse, para que o pai o abençoasse, com a benção da primogenitura, mais do que depressa, sem pensar nas consequências, criam um engodo e Jacó toma posse da benção de seu irmão. Porém, o tempo e as circunstâncias mostraram a Jacó, que o único meio de receber a bênção Divina, era respondendo de forma honesta e sincera à perturbadora pergunta: Qual é o seu nome? Vinte anos haviam passado, e lá estava Jacó, diante do anjo do Senhor na passagem do Jaboque, tendo que responder aquela pergunta. Depois de tudo que havia acontecido, Jacó havia aprendido pelo caminho mais difícil que a única maneira de experimentar a bênção de Deus na sua plenitude, era por meio de uma confissão pessoal.
Sou Jacó, disse. Com esta simples confissão, declarava implicitamente: “Meu nome é Jacó. Não sou Esaú. Por vinte anos tenho tentado ser alguém que não sou. Por vinte anos tenho fingido ser o meu irmão. Por vinte anos minha vida tem sido uma mentira. Eu fingi, representei para mim mesmo... Mas não sou Esaú – Sou Jacó”. Diz o texto que, quando Jacó tomou consciência de sua real condição espiritual, a bênção tão esperada recaiu sobre sua vida (Gn. 32.29). Não só foi abençoado espiritualmente, como Deus deu livramento a ele e toda sua família, pois seu irmão Esaú, vinha contra ele, cheio de ódio e acompanhado de quatrocentos homens, para matá-lo. Veja o que aconteceu: “Quando Jacó olhou e viu que Esaú estava se aproximando com quatrocen¬tos ho¬mens, dividiu as crianças entre Léia e Raquel e as duas servas. Colocou as servas e os seus filhos à frente; Léia e seus filhos, de¬pois; e Raquel com José, por último. Ele mesmo pas¬sou à frente e, ao aproxi¬mar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes. Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram”. Gn. 33.1-4. Deus mudou o coração de seu irmão.
Caro leitor, este é o modo de Deus lidar com todos aqueles que a Ele recorre buscando respostas. Talvez seja esta a condição que falta para vermos nossas vidas abençoadas. Cada um de nós precisamos responder à pergunta do Senhor: “QUEM ÉS TU?”. Porque se a nossa vida tem sido como a vida de Jacó, antes de se reencontrar com o Senhor, pouco ou quase nada Ele fará por nós. Portanto, é preciso desnudar a alma, desvelar o nosso ser diante de Deus. Assumir, deixar vir à tona toda a nossa realidade, por mais dura e feia que ela pareça. É preciso ter coragem de dizer: Sou Jacó, e não Esaú. Importa que estejamos dispostos a assumir o que somos perante o Eterno e parar de querer ser quem realmente não somos. É preciso tirar as máscaras, parar de fingir, parar de representar, deixar de ser um artista da fé e principalmente parar de se auto enganar. Nesta história bíblica, o Senhor não só abençoou Jacó, como mudou seu nome de “Suplantador” (o significado do nome Jacó), para Israel que significa aquele que luta e vê a Deus. Que Deus ajude a cada de nós. Pense nisto.
Deus vos abençoe.
