Pr. Isaac Vicente Ribeiro
Disse pois Jesus: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt. 28.20)
Quando Deus nos criou, na sua sabedoria nos criou dependentes uns dos outros. O homem não foi feito para viver isolado com uma ilha. E neste particular, quando tentamos nos alienar, ou pior, quando tentam nos privar do privilégio de vivermos integrados uns aos outros, acabamos por adquirir uma série de problemas, justamente por não termos sido criados, para vivermos assim. A solidão é uma visita indesejável, e quando ela chega incomoda sobremaneira. Porém, as coisas se tornam mais difíceis, quando a solidão deixa de ser visita e se torna uma companhia constante, e assim, o coração parece chorar, e a vida acaba perdendo o seu real sentido. Geralmente isto acontece, quando somos tolhidos da presença daquilo que mais amamos, e esta perda acaba nos levando a perder o norte da vida, evidenciando a nossa incapacidade de lidar com aquilo que nos é contrário. Alguém definiu a solidão como a presença da ausência, e sentir-se ausente das outras pessoas e de si mesmo leva o ser humano a crises cujas conseqüências são desastrosas.
Todavia, existe um outro lado da solidão, que queremos analisar. Quando decidimos ficar sozinhos para meditar por exemplo, a solidão muda de nome. Ela passa ser uma reclusão voluntária, recebendo o nome de solitude. Então, solitude é estar só, mas não solitário, é estar só mas com plena consciência e profunda capacidade de estar em comunhão consigo mesmo e com Deus. Aliás, neste particular, quem não consegue estar em solitude possivelmente sofrerá a influência da solidão. Olhando por este lado, a solidão tem um aspecto extremamente positivo. Mostra-nos o desajuste no qual nos encontramos por não ter a presença daquilo que é essencial. Resolver o problema da solidão sugere que mudemos os nomes que previamente já programamos dentro de nós como essencial para nós. O segundo passo é bem mais complexo, contudo pode ser o melhor caminho se o primeiro for inviável, haja vista que geralmente os solitários crônicos não sabem o real motivo da sua solidão. Dizem: “sinto-me sozinho, mas não sei o porquê”. Ora, se não sabem por que, talvez seja por ele não existir mesmo. Alguns teóricos denominam isso de solidão essencial.
Caro leitor, a cura para solidão essencial é dar sentido à existência e só damos sentido à existência quando reconhecemos que precisamos buscar a presença que nunca se faz ausente. Ora, não podemos dizer isso em relação às coisas e nem às pessoas, já que coisas podem ser perdidas, roubadas, quebradas, destruídas... e as pessoas podem nos abandonar, rejeitar, trair, etc. Agora, a presença que nunca se faz ausente é aquela que só podemos encontrar em Deus, na pessoa de seu Filho Jesus Cristo, que disse aos seus discípulos: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mateus 28.20). O verbo usado por Jesus merece atenção! Ele não diz, “estarei” ou “estive”, mas “Estou”. À medida que nos entregamos totalmente ao Senhorio de Jesus, Ele se faz presente conosco. Não nos deixa, não nos abandona, não nos frustra e não nos decepciona. Ele se faz sempre presente, revelando seu amor, paz, alegria, vida em abundância, graça e misericórdia. Ele não nos deixa nem nos momentos que nos sentimos solitários e nos esquecemos da sua promessa. Uma das razöes pelas quais Jesus nasceu, foi justamente para se fazer presente em nossas vidas. Então, que neste dia paremos para refletir acerca desta maravilhosa presença que só nos faz bem. Concluindo, tomemos por nossas as palavras de Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, Porque Tu Estás Comigo” (Sl 23.4). Portanto, troque sua solidão pela solitude. Peça Jesus para inundar seu coração com a sua doce e poderosa presença.
Deus vos abençoe.
