Pr. Isaac Vicente Ribeiro
“Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo!
Eu venci o mundo.” (João 16.33)
Desde que nascemos, aprendemos que as aflições fazem parte da nossa vida. À medida que vamos crescendo vamos percebendo que por mais que tenhamos uma vida bem planejada, um belo suporte familiar, mesmo assim temos que enfrentar dificuldades. As formas pelas quais sofremos aflições mudam no decorrer dos anos, mas a realidade é que em todas as fases de nossa existência somos afligidos. As aflições roubam-nos a paz e nos tornam conscientes de que não estamos no controle das circunstâncias externas da nossa vida. Somos afligidos porque as pessoas nos frustram, porque as coisas se perdem ou são roubadas. Somos afligidos quando não conseguimos alcançar objetivos traçados, quando a doença chega e em alguns casos, a morte bate em nossa porta e querendo ou não, temos que aceitar a separação das pessoas que mais amamos.
A bem da verdade é preciso dizer que quem estuda a Bíblia sabe muito bem, que em momento nenhum, Jesus nos imunizou de tais sofrimentos. Pelo contrário, nos ensinou sim, que teremos aflições, lutas e embates. O ensino de Jesus não é alienado dos contra tempos inerentes à existência. O ensino de Jesus não nos tira da realidade, não espiritualiza o sofrimento, nem tampouco faz dos seus seguidores super-homens, ou super-mulheres, que passam pela vida como que vivendo em um “conto de fadas”. O próprio Jesus quando esteve aqui, não escolheu o caminho mais fácil. Ao tomar forma humana, trilhou o caminho do sofrimento, desde o seu nascimento até a sangrenta morte na Cruz, enfrentou todo o tipo de provação que um homem poderia suportar. Mas por que teve que ser assim? Para que hoje pudéssemos ter um Sacerdote que tenha passado por todos os estágios que passamos. O escritor aos Hebreus nos explica isto da seguinte forma: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”.(Hebreus. 4.15).
Mas o capítulo das aflições não termina quando descobrimos que elas existem, e que por elas passamos e por elas iremos passar. Para aprender tal fato não é necessário escola, senão a própria existência. Afinal, todos conhecem a casa do sofrimento, e mesmo sem querer, vez ou outra todos os seres humanos a visitam. O capítulo das aflições assume nova perspectiva, não quando delas tomamos consciência, mas quando conhecemos aquele que venceu o mundo. Quando olhamos para a maneira como Jesus enfrentou suas dificuldades, somos chamados a renovar o ânimo, a esperança, os sonhos e a alegria.
Vejam que isto não é algo que acontece apenas do lado de fora. Não são as aflições que deixam de existir. Algo, contudo, acontece dentro daquele que crê. O apóstolo João, inspirado por Deus exclamou: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (I Jo 5.4-5). Tal fato não se explica apenas por um sentimento religioso, mas uma força sobrenatural capaz de criar uma resistência interior. É uma certeza alimentada pela convicção e sustentada pelo próprio poder de Deus. É uma disposição coerente e consciente de avaliar a vida pelo ponto de vista da fé, sem ignorar as circunstâncias.
Portanto caro leitor, saibamos enfrentar nossas dificuldades de cada dia, com a plena confiança que aquele que venceu o mundo, está do nosso lado para nos fazer vencer também. Jamais nos esqueçamos, que só vence quem se dispõe a lutar, e como disse o Sábio Salomão: “Melhor é o fim das coisas, do que o princípio delas”. (Eclesiastes 7.8). Concluindo, que o nosso relacionamento com Jesus, possa nos renovar em esperança, porque verdadeiramente, a esperança só é real em Cristo, pois em Cristo, ela não é apenas um consolo para o sofrimento, mas também o protesto da divina promessa contra o sofrimento.
Deus vos abençoe.