Pr. Isaac Vicente Ribeiro
“Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele...” Atos. 13.9
Saulo, seu nome antes da conversão a Cristo, tinha sido no passado uma pessoa que odiava os seguidores de Jesus, um perseguidor de cristãos convencido da própria justiça. Ele mesmo afirmou que literalmente respirava ódio contra os seguidores de Cristo. Também era um homem muito obstinado e ambicioso. Paulo, seu nome freqüentemente usado após a conversão a Jesus, era bem instruído, tendo sido ensinado pelos melhores mestres da época. Era fariseu, entre os mais zelosos líderes religiosos judeus.
Desde o princípio Paulo estava em ascensão, a caminho do sucesso. Ele tinha a aceitação da ordem religiosa da época e tinha uma clara missão, com recomendações de seus superiores. Na verdade, ele tinha sua vida toda planejada, sabendo exatamente onde estava indo. Saulo estava confiante de estar fazendo a vontade de Deus, mas o Senhor tomou este homem que venceu por si próprio, obstinado, independente, e o transformou num ardente exemplo da vida de renúncia. Paulo tornou-se uma das pessoas mais dependentes, plenas e conduzidas por Deus de toda a história. Em verdade, Paulo declara que a sua vida é um modelo para todos que quiserem viver inteiramente entregues a Cristo: “Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna”. (1 Timóteo 1.16).
Entre os apóstolos, Saulo foi o único que teve uma chamada diferente. Ele estava indo seguro de si mesmo, em direção a Damasco, quando uma luz ofuscante veio do céu, levando- o ao chão. Tremendo muito, ouve uma poderosa voz que lhe disse: “Saulo, Saulo, por que me persegues? E disse: Quem és Senhor? E disse o Senhor. Eu sou Jesus a quem tu persegues. Duro é para ti, recalcitrar contra meus aguilhoes.” (Atos 9.4). Estas palavras levaram Paulo de volta a um evento de meses atrás. De repente este justo fariseu compreendeu porque sua consciência estava intranqüila. Paulo tinha suportado longas noites de agitação, atormentado por inquietação e confusão, pois tinha visto algo que o abalara até o âmago. Paulo tinha acompanhado o apedrejamento de Estevão. Creio que Paulo lembrou do olhar na face de Estevão diante da morte. Estevão tinha uma expressão celestial, uma presença santa em torno de si e as palavras que expressava eram poderosas, penetrantes e cheias de poder de convencimento. Este homem humilde não se importava nem um pouco com a aprovação do mundo; ele não estava impressionado com as autoridades religiosas, e mais ainda, não demonstrou medo da morte.
Tudo isto expunha o vazio da vida de Paulo. Este fariseu dos mais devotos percebeu que Estevão tinha algo que ele não possuía. Paulo tinha tido contato face a face com um homem totalmente submisso a Deus, e isto o perturbou. Provavelmente ele pensou: “Eu me preparei durante anos lendo as escrituras. Mas este homem sem estudos proclama a palavra de Deus com autoridade sobrenatural. Eu tive sede de Deus toda a minha vida. Mas Estevão tem o próprio poder do céu, mesmo ao morrer. Ele claramente conhece Deus, como jamais encontrei outra pessoa. Todavia todo esse tempo estive perseguindo a ele e aos seus companheiros”. Paulo sabia que estava faltando algo em sua vida. Ele tinha conhecimento de Deus, mas nenhuma revelação própria, como Estevão. Agora, de joelhos e tremendo, ele ouve estas palavras do céu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (Atos 9.5). Foi uma revelação sobrenatural. E as palavras viraram o mundo de Paulo de cabeça para baixo. Ali morria um Saulo, mas nascia um Paulo, que depois de Jesus, daria o maior exemplo de renúncia. É por esta e outras razões, que afirmarmos que vale a pena renunciar tudo por amor a Jesus, mesmo que isto nos custe à vida, como foi no caso de Paulo. Jesus disse: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a salvará” (Lucas 9.24).
Deus vos abençoe.